segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Imperialismo ataca a Líbia

Neste terceiro texto do Blog, eu não poderia deixar passar um assunto importante da atualidade, a Líbia. Primeiramente vamos para uma breve ótica geral, para entendermos um pouco este país. 

Este país, teve sua formação consolidada com a primeira grande invasão, a dos árabes. O "Império Mulçumano" teve grande expansão já antes do primeiro milênio d.c e um dos locais onde mais conseguiu penetrar, politico, militar e culturalmente foi a região onde hoje denominamos norte da África. Lá a vertente que aquele povo mais aderiu é o islamismo sunita, inclusive um dos mais conhecidos líbios, Muhamar Kadafi. 

Este região teve outra grande invasão, no século XIX, no neocolonialismo europeu, tendo domínio inicial a Inglaterra e postuamente a Itália. Porém na década de 1950 a Líbia conquistou a independência, mantendo um acordo que mantinha o país dependente das grandes potências, tendo como regime uma Monarquia oficialmente constitucional(modelo inglês), mas na prática absolutista a moda antiga, chefiada pelo rei Idris. Porém no bojo da ideologia de libertação nacional, na década de 1970 um jovem militar chamado Muhamar Kadafi com apoio de diversas tribos(estas são a chave pra governar aquele país) promove um "golpe de Estado" e derruba a monarquia absolutista do Rei Idris, instalando um regime republicano, tendo inicialmente um caráter progressista e próximo ao bloco dos chamados países não alinhados. Diversas reformas democráticas e timidamente populares foram realizadas, o que elevou o padrão de vida daquela população e deu sustentação e legitimidade a Muhamar Kadafi e deixou as potências imperialistas extremamente insatisfeitas.

Estas potências não só começaram a atacar politicamente a Líbia, como ameaçavam atacar a Líbia militarmente, o que levou a Líbia a se aproximar ao bloco dos países socialistas e apoiar a ideologia Pan - Arabista, divulgada pioneiramente pelo egipicio Abu Al Nasser. Porém Kadafi em certo momento se afasta desta ideologia e se aproxima de certos grupos radicais islâmicos e começa financiar grupos tidos como terroristas, o que faz ele perder apoio da opinião pública internacional e ser criticado por setores que compunham o bloco de países socialistas.

Com a queda em cadeia da maioria dos países socialistas, principalmente pós 1989, com a derrocada da União Soviética, Kadafi realinha a Líbia, com países terceiro mundistas, islâmicos, pan árabes/africanos e tenta conversar novamente com as potencias imperialistas, saliento que a ordem de alinhamento não era linear, advinha das necessidades conjunturais internas e externas, sempre se aproximando com um e se afastando de outro. 

Internamente a Líbia, antes progressista e moderadamente popular, sofria os impactos do neoliberalismo no mundo, o que levou Kadafi a fazer acordos com alguns países imperialistas, notadamente Inglaterra e Itália, antigas Metrópoles economicas e politicas. Kadafi para manter apoio popular se reaproxima de setores islâmicos e pan - árabes(nacionalismo árabe), introduz no país um discurso populista, divulgado fatores culturais primários do seu país mundo a fora, o que mantêm por mais anos estável no poder, sendo que a classe trabalhadora daquele país empobrecia a cada ano. Kadafi consolida o dialogo com os países imperialistas, adquirindo acordos comerciais não para Líbia, mas muitos para a família Kadafi, notadamente com  primeiros ministros Berluscoine(Itália) e Toni Blair(Inglaterra). Contradições a parte, no zig - zag politico de sempre, Kadafi dialoga com países não alinhados, como Bolívia, Cuba, Nicarágua e notadamente Venezuela. Contradições estas explicadas pela conjuntura, pelos limites ideológicos de Kadafi que hora avança  e hora recua. Kadafi se afasta mais dos islâmicos radicais pós 11 de setembro, certamente analisando que os ataques dos EUA e seus aliados imperialistas poderiam porque não pipocar na Líbia, pois uma coisa é certa, mesmo com o dialogo de Kadafi, com seus recuos e afastamento dos setores populares de seus países, os alinhamentos com países tidos anti - imperialistas historicamente em seu governo, sempre fez das potências imperialista olharem Kadafi com grande desconfiança, aliás, nunca como um aliado preferêncial. 

Mas um certo revolucionário, que todos conhecemos como Che Guevara, nos ensinou que "não se pode confiar no imperialismo nem um pouquinho...nada", ensinamento este que Kadafi não aprendeu tão bem, e sua aproximação com países imperialistas, excessivas concessões e aburguesamento extremo do seu governo, fez deste presa fácil das potências imperialistas, na primeira oportunidade que tivessem, estas atacariam Kadafi, para tristeza e alegria das potências, esta chance não veio no bojo da insanidade anti - terrorista pregada pela doutrina Bush, visto as concessões cedidas por Kadafi, mas sim no bojo da chamada "Primavera árabe". Esta primavera, teve inicio com um insurreição popular na Tunísia, que derrubou uma ditadura de mais de 23 anos, se espalhou para o Egipto e a população tomou a praça Tahir e derrubou o ditador Mubarak, os "espirros" desta longa primavera ainda são sentidos fortemente na Siría, Iêmin e Barhein. De forma mais tímida na Jordânia, ameaçando as fronteiras da isolada Israel. Porém onde esta a Líbia nesta História? O povo líbio ainda esta muito apático ao processo, o populismo exagero de Kadafi e a recessão enconomica do pais, que é levada na "corda bamba" sem entrar na bancarrota, faz do acumulo de forças internos ainda estarem amadurecendo para um insurreição popular de fato. Mas ué, então porque a crise na Líbia, não tínhamos ouvido que lá tem rebeldes. Lembrem - se, falei logo no começo do texto sobre as tribos, que no atual estágio do capitalismo, podem ser analisadas em suas direções hegemonicas, guardadas as devidas proporções como frações burguesas dentro da Líbia. É ai que as potencias imperialistas oportunas entram, para dividir a coalisão destas tribos conseguida por Kadafi, as mesmas colocam setores opositores apaziguados historicamente por Kadafi em luta armada contra o regime do mesmo. 

No geral, o que temos de informações advém da imprensa burguesa, que pintam a crise na Líbia como uma insurreição popular que irá derrubar  o tirano Muhamar Kadafi e consolidar a democracia na Líbia. Um mundo muito lindo pintam, mas o mundo real não é bem assim; na verdade a maioria do povo líbio está sob um fogo cruzado, os chamados rebeldes lutam e são armados pelos países imperialistas que estão sob a capa da OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte, que entrou com tudo na guerra civil, principalmente apoiando os opositores de Kadafi não só com armas, mas com bombardeios diários na Líbia, atingindo todos que as bombas podem matar. Porém, algumas forças não só são leais a Kadafi, como ao que parece algumas tribos ainda apoiam Kadafi no poder e olham a bandeira da antiga monarquia do rei Idris empunhada pelos opositores a possível volta ao passado e ainda mantém forte Kadafi no país, principalmente em sua figura histórica e paternal. Neste contexto, muitos dizem, que posição tomar? Antes disso poderíamos perguntar, que analise fazemos do processo?

Primeiramente é importante alertar alguns priminhos da esquerda brasileira, que é essencial sabermos que estes Rebeldes não são rebeldes coisa nenhuma, mas sim opositores proto - imperialistas que tem ajuda da Otan, outra coisa é sabermos que não existe insurreição popular no país, mas sim um grupo politico contra outro, e o essencial, insurreição popular é diferente de invasão descarada de países imperialistas. Ou seja, antes de mais nada é necessário aos que se intitulam de esquerda, serem radicalmente contra a invasão da Líbia pelas forças imperialistas, que querem saquear as riquezas da Líbia, principalmente o petróleo. Isso é um ponto, mas como lhe dar com a questão que deixa muitos priminhos em crise que se chama Muhamar Kadafi. Primeiramente esta crise esta descabando para posições criticas e conservadoras, alguns setores que se intitulam o "coelho da cartola da esquerda", afirmam que o povo líbio esta fazendo uma revolução(na verdade esta fugindo para países vizinhos, como Argélia, Tunísia e Níger), o mais estranho é entender que revolução é esta, sendo a Otan a vanguarda. Outro fato é que a resistência de Kadafi e suas forças ainda são fortes, mas cada vez mais este grupo politico é derrotado, mas ao que parece não em definitivo, visto que os "rebeldes" ainda não contam com base popular mínima sequer. Ou seja, em qualquer processo, a classe trabalhadora deveria ser protagonista, situação que ainda não acontece na Líbia, visto que os "rebeldes" jamais vão admitir que tal processo aconteça. Resolver tal crise não é fácil, o certo é que gritemos Fora Imperialismo da Líbia! fazer isso por si só já é um critica a Kadafi, visto que ele vinha promovendo concessões a países imperialistas, logo, os que se dizem de esquerda, não fazem campanha para Kadafi, pois chamamos a classe trabalhadora para ser protagonista do processo, mas querendo ou não, hoje esta classe tem um inimigo muito maior que Kadafi, que é o Imperialismo, e termos clareza que na Líbia o que acontece é uma invasão principalmente dos países do centro da Europa, é ter clareza quem de fato é inimigo da Líbia, e que não o limitado Kadafi pode de fato enfrentar tal inimigo, mas sim a classe trabalhadora e sua vanguarda organizada, se isto não for claro, acabamos por fazer campanha pró - imperialismo, comemorada por aqueles que levantam a bandeira nefasta do arcaico e falecido rei Idris.

Everton Souza
Ousar Lutar, Ousar vencer !



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