sábado, 31 de outubro de 2015

"Apocalipse Zumbi" da Conjuntura Brasileira

Estamos em uma conjuntura complicada. Até o estupro querem legalizar, este é o rótulo verdadeiro que devemos dar a lei que visa retirar o direito a aplicar método anticonceptivo em caso de estupro. Proibir métodos anticonceptivos como a pílula do dia seguinte é medieval. Todos que posam de modernizadores de direita são os culpados destes retrocessos. Leis a favor da indústria bélica como o fim do Estatuto do Desarmamento demonstram mais truculência. Leis atrasadas e retrógradas, esta tem sido a tona desde o começo do ano. Começaram com a história da tercerização que visam cortar salários e direitos, ofensiva contra o ECA para diminuir a idade penal, para ampliar a ditadura do capital que nega direitos e transforma a questão social em caso de polícia.


Retrocessos e retrocessos, e por isso interessa muito as classes dominantes e seus adestrados ter crise política e econômica, aumentar a exploração e dominação é o objetivo. Aos trabalhadores lavagem uma vida moribunda é isso que oferecem.

Mas como toda crise lutas ocorre, mas infelizmente a conciliação de classe imposta pelo PT, PC do B e as frentes de massa influenciadas por estas organizações dificultam a organização de possível resistência atual. Conciliação que, aliás, deixou a porta aberta para a extrema - direita entrar em cena com “protosmovimentos” que surgem com forte apoio da mídia empresarial e manipuladora e financiamento de impulsionadores de internet. Extrema - Direita que se junta com a direita dirigente e tradicional para promover golpismo e desestabilização no país. Tomaram as ruas, mas demonstram extremas dificuldades quando não contam com o apoio midiático que teme perder o controle destes setores extremistas. 

Porém é justamente com a voz dos setores extremistas que as leis retrógradas e chantagens políticas são promovidas para aumentar a exploração e dominação das classes dominantes com a promessa de tirar o país da crise. O mote da trama é o ajuste fiscal que PT e PC do B tentam não perder espaço no balcão de negócios.

Dentro desta “zumbilândia” de ameaças e propostas bizarras resistências começaram a ser armadas, frentes e atos. Muito sectarismo, unidades, acertos e erros. Setores apáticos que sumiram. 

Bom, algumas coisas devem ser consideradas, entre elas mesmo em frentes com um governismo mais emburrecido ou em frentes mais criticas, a base das organizações de frente de massas que PT e PC do B organizam sempre se colocaram nas ruas em diversos momentos e não deixarão de fazer isso agora, com muitas dificuldades, pois estão corroídos pela políticas deles.

O que é certo é que para barrar retrocessos movimentos de massa precisam crescer e para crescer não é só chamar atos e ficar esperando a data de cada ato é estar em diversos espaços de base conversando com a classe trabalhadora que em sua maioria esta insatisfeita mas muito confusa, entre não admitir retirada de direitos a confusão ideológica tem sido a tona dos setores populares.

O retrocesso de Legalizar o Estupro proibindo métodos anticonceptivos para quem sofre este terrível crime detonou grandes manifestações contra este absurdo em São Paulo e no Rio de Janeiro. A lei que visa deixar todos terceirizados tem potencialidades aglutinadoras. Ou seja, com frentes, sem frentes, sectarismos e unidades, a resistência deve ocorrer, e a conciliação de classes pode ruir organizações oportunistas e o sectarismo pode jogar para direita organizações que fazem análises mecânicas da realidade.



Muito retrocesso, mas muita resistência podem crescer nesta conjuntura, alguns sinais temos este ano, a lutas dos professores no Paraná, um ensaio da luta contra a terceirização radical, a luta dos servidores gaúchos, a luta contra o fechamento das escolas em São Paulo, e atualmente das mulheres em São Paulo e Rio de Janeiro, são ensaios e advertências sérias contra a retirada dos direitos. Não é a toa que as classes dominantes com seus partidos burgueses estão forçando para ter acordos e novos pactos.

Esta semana foi de bizarrices da direita e lutas de resistência nas ruas, tende ser assim até o fim do ano, e no alto dos escalões dirigentes forçam novos pactos. A formação de opinião é outra dificuldade de quem luta, pois os aparelhos ideológicos estão nas mãos das classes dominantes, mesmo em setores mais escrotos que forma opiniões também, em suas capas em especial, mas que não são consenso nem em seus núcleos dirigentes.

Escrotas capas de uma revista dirigida pela Editora Abril demonstram o panfletarismo desta revista, escroto e criminoso, esta semana sem ilusões lançaram uma capa escrota e caluniosa de Lula, que deveria ser fruto de uma ofensiva dos setores governistas contra isso, mas a moderação é a tona destes setores, ou seja, os mais interessados em responder os absurdos, não agem como deveriam agir.


Ou seja, uma conjuntura que impõe confusão, mas que força setores se lançarem a luta e combater os retrocessos. 

Everton Souza

domingo, 18 de outubro de 2015

Conjuntura e Mídias "Sociais"


A conjuntura atual impõe dificuldades, confusão de análises, apontamentos diversos e sempre com dificuldades de fechar uma análise.

É certo que a atual conjuntura as ultras - direitas tradicionais colocaram a cabeça para fora da janela, quem negar isso, nega a realidade. É verdade que dão um tamanho maior do que são, a própria ultra - direita faz o trabalho de se apresentar maior do que são. Mas entre muitas coisas, as dificuldades permanecem.

Bom, vamos do começo e mesmo sem ser simplório, não devemos ser complexos e difícil de se entender (uma dificuldade recorrente da esquerda).

Desde que a internet vêm se popularizando, na década passada, sendo no Brasil muito mais ampliada com o "antigo" MSN e Orkut. Havia outras coisas antes, mas o alcance era muito pequeno. Com o tempo vários modos derivados do MSN e Orkut foram criados e hoje temos diversos, sendo os mais populares o Facebook e Whats App, empresas que ganham muito dinheiro e que diversos setores sociais em diferentes formas de usar, fazem de tudo para ter pacotes de internet para acessar estes serviços por celulares e nos lares. Mesmo com alcance grande em setores populares, os setores médios e ricos são os que mais acessam.

E porque falar sobre isso? Porque a esquerda socialista tem dificuldade de assumir o alcance e o poder organizativo do mundo virtual, acham que o virtual não se conecta com o real e tem dificuldade em ter uma estratégia de atuação nestes espaços. Tem dificuldade de aceitar que são novos espaços organizativos. Eu comparto com meus camaradas que a internet por mais potencial que tenha, tem um limite por ser virtual, mesmo o maior nível organizativo pode definhar se não tem o real e cotidiano.

Mas vamos ao que interessa. Boa parte destas ultras - direitas, travestidas de novas, se articulam internacionalmente em Ong´s internacionais, se cruzar bem estas articulações vai dar na Cia e outras agências dos Estados Unidos e outros países imperialistas, sim porque vocês acham que Edward Snowden não pode voltar ao país dele?

Estes setores não teriam motivo de não ter suas células no Brasil o maior país da América - Latina, outra coisa que a esquerda socialista tem dificuldade de aceitar, que foram as novidades em nosso continente a partir de 1998 com a eleição de Hugo Chávez e depois outros presidentes, sendo algumas experiencias interessantes e outras frustrantes. Todas aumentaram o aguçamento destes setores ultras da direita.

Estes setores usam bastante a internet, por questões operativas e de dificuldades até de se assumirem, não montam células por empresas ou locais de moradia, mas sim pela internet, o que como eu disse, tem limites, mas contraditóriamente, se mostrou com potencialidades também. Estes setores são bem caricatos, mas não são simplesmente burros. Usam das calúnias, difamações, desqualificações, nenhum argumento para atacar seus oponentes que são a esquerda brasileira, onde enxergam o PT como forte representante histórico disso. Mas não só o PT. Estes setores vem usando a internet para atacar o PT e esquerdas desde a popularização das redes sociais e outras mídias que surgiram. Fazem reuniões virtuais, produzem vídeos. No começo era engraçadinho, mas depois de 2013 ficou mais sério. Depois da batalha da Av. Paulista onde esquerdas se confrontaram com esta ultra - direita e a massa se inflou contra os "partidos", estes setores ultras começaram a ver possibilidade de ir para a rua enfrentar o PT e "esquerdas". São confusos, e são de propósito, pois uma coisa são os manobrados outra são os dirigentes. Desde 2013 o assédio na internet é maior e este instrumento se tornou importante no Brasil e no mundo para convocar atos. E sabemos que é um espaço comercial, logo quem tiver mais dinheiro pode espalhar mais sua convocação. Tentaram algumas vezes em 2014, mas com os vacilos olímpicos do PT, conseguiram fazer de fato em 2015. A partir dai se empolgaram, e claro desde que aumentaram o raio de inserção, se tornaram presas fáceis de serem manobrados por partidos tradicionais de oposição ao PT. Tai um dos motivos dos limites para saírem da internet de fato tiverem que dar as mãos ao que negavam eternamente os partidos, agora fazem de conta que nunca negaram, se sujam cada vez mais, pois a cada aliança um corrupto é desmascarado dentro dos partidos tradicionais de direita e a cada descoberta estes setores preferem manter alianças, outra mascará que cai a do falso moralismo contra a corrupção cai junto. As mídias empresariais usam bastante estes setores também, com o tempo vão se definhar visto os limites, mas tempo pode ser qualquer um.

Onde quero chegar? primeiro dizer que não vieram do nada, tem local e endereço, são articulações tradicionais combinadas com novos modos de se articular, potencializando no caso deles o anticomunismo e o antipetismo de ocasião. Usam o nacionalismo conservador, que a esquerda tem dificuldades históricas de trabalhar no Brasil, mas é possível criar uma mediação nisso. Mas o principal é, até quando a esquerda vai negar estes espaços que com força potencializam estes setores de ultra - direita?

Bom, infelizmente tem rodado na internet diversos ataques organizados por estes setores contra personalidades  das esquerdas, esta semana foi a vez de Mauro Iasi, importante liderança do PCB, pegaram um vídeo dele e deram o conteúdo que quiseram, outra técnica deles. Muita comoção e solidadriedade ao militante esta sendo realizada, importante fazer isso. Estamos em momentos diferentes na conjuntura brasileira e em partes, sinceramente não tenho certezas absolutas, mas não vejo o socialismo ser uma ameaça as classes dominantes no Brasil para amanhã, os motivos de manipular estas ameaças são de outra ordem, como enfraquecer setores e construir novos pactos. Logo estes ataques são em parte uma grande teatro de manipulação e incitação de setores. Pegar uma parte da fala de um interlocutor e fazer o uso que querem é parte desta manipulação teatral, que demonstra que se incomodam com quem é sério, demonstram o definhamento futuro e o prazo de validade também.

O que também a esquerda socialista vejo com dificuldades de admitir, um militante crítico ao PT esta sendo atacado, o que demonstra que sim existe ultra - direita, ela é antipetista, mas é anti-esquerda também, o que a "esquerda séria" ou seja a que luta pelo socialismo como possibilidade histórica e o PCB é uma organização que esta neste campo, precisa admitir que mesmo mantendo a crítica ao PT, justa, não dá para não ter mediação, desconsiderando como estamos inseridos na realidade, como esta na base, como está difícil a tarefa de "pacientemente explicar para a classe" (Lênin, "o que fazer"), o que de fato é a realidade atual que vivemos, sem ser um demagogo e sem ser um obrerista ou academicista. Sem ser um esquerdista, mas sem ser um revisionista. Sabemos que não temos os meios hegemônicos de formação de opinião da sociedade logo gera mais dificuldades, mas mesmo assim a tarefa de longo prazo é essa, disputar inclusive estes meios. Outra coisa que vejo pouco na esquerda socialista, uma crítica real e proposta de outra mídia (quando falo dos meios de formação de opinião não é só a mídia, mas a mídia hoje é um setor forte neste quesito).

Sendo assim, mesmo não colocando um peso maior no mundo virtual, mesmo sabendo que as deficiências organizativas dos setores de ultra - direita farão mais cedo ou mais tarde eles se definharem, até quando as costas continuarão viradas para estes espaço? (os revisionistas já se ligaram no espaço e estão com limites disputando, quando falo da disputa é com limites, pelo menos refletir e pensar que estes espaços existem)

Solidariedade a todos caluniados pela internet, isso demonstra que mesmo em caminhos difíceis eles demonstram justeza, pois incomodam.

Obs: Temos sim dificuldades nestes espaços, somos trabalhadores, e quem tem dinheiro para a internet "ser disputada" disputa, outra reflexão. A vida continua sendo real, o virtual tem reais limites, mas mesmo os limites não podem deixar de ter reflexão e como toda reflexão, ação.

Everton Souza